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Projeto de Sorocaba é selecionado pelo MCT
Através
do Kiduca, os professores têm criado games de forma muito simples,
mesmo sem nenhum conhecimento de programação - Erick Pinheiro
Daniela Jacinto
daniela.jacinto@jcruzeiro.com.br
Desde que a educação firmou parceria com a informática, projetos inovadores têm servido como facilitadores para o aprendizado dos alunos. Uma das ideias que têm sido espalhadas é a dos games, que nas mãos do empreendedor de Sorocaba Jorge Alberto França Proença, 45 anos, fundador do projeto Pérola - que incentiva jovens a investirem em seus talentos - multiplicou-se de tal forma que hoje mais de cinco mil alunos estão aprendendo com a ferramenta, criada por ele em parceria com Fábio Colombini, seu sócio na empresa Singol Games Educacionais, responsável pelo desenvolvimento do Kiduca - A Cidade Educação, um site com jogos educativos.
Os games com conteúdo pedagógico somam cerca de 300 e são vendidos para 12 escolas públicas e seis particulares. Como um empreendedor sempre tem metas, Jorge Proença quer alcançar, num prazo de quatro anos, a marca de cem mil alunos aprendendo com os seus jogos. E para que ninguém duvide que querer é poder, ele acaba de ter seu projeto selecionado já na primeira turma de aceleração do programa Start-up Brasil, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Jorge Proença receberá R$ 200 mil na forma de bolsa para pesquisa, desenvolvimento e inovação concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), parceiro no programa, juntamente com a Apex Brasil. Além disso, a ideia de Jorge deverá ser contemplada com mais recursos provenientes de uma empresa aceleradora, ainda a ser definida. Uma empresa aceleradora funciona à semelhança das incubadoras e tem a função de ajudar no desenvolvimento de pequenas empresas ou microempresas, apoiando-as nas primeiras etapas de suas vidas.
Para Jorge Proença, fazer parte do Start-up Brasil significa um atestado para a seriedade de seu trabalho. "Pela primeira vez aqui no Brasil está sendo feito investimento em capital humano de empreendedorismo", comenta. O Kiduca concorreu com 908 projetos inscritos, sendo 672 nacionais e 236 estrangeiros, vindos de 37 países. Foi selecionado entre os 45 projetos brasileiros. Dos estrangeiros foram eleitos 11. A área de educação, onde se encaixa o projeto Kiduca de Jorge, obteve o maior número de inscrições (19%), seguida de varejo, com 14%, e saúde, finanças e eventos de turismo, todos com 9%.
Jogos que educam de forma divertida
Kiduca - A Cidade Educação é uma cidade virtual onde os nomes dos bairros são os mesmos das disciplinas do currículo escolar, como Matemática, Português e Ciências, entre outros. Em cada um desses bairros, são disponibilizados games de acordo com a área do conhecimento. No bairro Matemática, por exemplo, o aluno irá aprender a fazer operações matemáticas e tabuadas. No bairro Português irá aprender sobre a Língua Portuguesa, e assim por diante, em um trabalho que complementa e auxilia os professores em seus projetos de alfabetização, ensino de matemática e demais disciplinas.
Jorge Proença explica que o game tem conteúdo pedagógico de acordo com a faixa etária e série do aluno. Os atendidos pelo projeto são crianças de 6 a 11 anos, estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. A plataforma Kiduca é baseada em games estilo MMO (Massively Multiplayer Online), em que várias pessoas conectadas interagem entre si. Assim, dentro da Cidade Educação, os alunos podem se encontrar para trocar informações e conhecimentos online. Esse ambiente interativo tem como objetivo criar um contexto de "mundo próprio" para avatares (personagens fictícios) onde serão criadas situações para estimular a curiosidade do aluno, levando-o ao aprendizado das disciplinas.
Jorge acredita que esta seja uma forma de motivar os alunos a estudarem/aprenderem de modo mais dinâmico, lúdico e agradável, seguindo a ideia de que se aprende brincando. Formado na área tecnológica e pós-graduado em educação, ele conta com uma equipe multidisciplinar para ajudar na confecção dos games, composta, entre outros profissionais, por dois professores que o auxiliam na parte pedagógica. "As escolas que participam também colaboram. Elas podem preencher um formulário com os objetivos e habilidades que querem que sejam desenvolvidos com o game", conta.
A equipe de Jorge já criou 80 jogos. "São os que a gente chama de games próprios. Mas temos um conceito inovador na plataforma, que é de autoria criativa. São ferramentas que existem na plataforma para alunos e professores criarem games, então os usuários também fazem isso, portanto temos mais de 200 games criados por eles", conta. Ainda de acordo com Jorge, através do Kiduca, os professores têm criado games de forma muito simples, sem nenhum conhecimento de programação.
Esse trabalho, que teve início em 2011, surgiu quando Jorge passou a ter contato com as escolas em um período que estava desenvolvendo nesses locais um processo de inclusão digital. "Daí percebi que existia um abismo entre projeto pedagógico e tecnologia. Então fui buscar qual seria a melhor forma de impactar o aprendizado com tecnologia e vi que o game era a linguagem preferida das crianças e adolescentes", afirma. O projeto deu tão certo que Jorge irá implantar um piloto no mês que vem em uma escola no México. Essa expansão foi longe porque um dos ilustradores do Kiduca mora no México e apresentou o projeto em uma escola daquele país, que ficou interessada. "Não tem fronteiras, a fronteira é nossa competência", diz Jorge.
Como participar
Interessados em participar do programa Start-Up Brasil têm chance de concorrer ainda este ano. Em setembro serão abertas novas inscrições. A data não foi divulgada, mas basta ficar atento às informações do site. Para se inscrever é preciso ter uma empresa brasileira ou estrangeira, com até três anos de constituição.
O Start-Up Brasil é direcionado a quem desenvolve produtos ou serviços inovadores e que utiliza software e serviços de Tecnologia da Informação como parte de sua solução. A iniciativa visa criar no Brasil um espaço para o surgimento de empresas com produtos e serviços inovadores.
O programa Start-Up Brasil foi lançado pelo governo federal no ano passado e terá recursos de R$ 60 milhões para as três edições, ajudando um total de 300 empresas, ou 100 a cada ano, até 2015. Site: http://startupbrasil.mcti.gov.br.
Quem é Jorge Proença
Nascido em Itapetininga, Jorge Proença veio morar em Sorocaba com 14 anos. "Estudei no Estadão, na Fatec, e abri minha primeira empresa aos 19 anos", conta. Ele lembra que o tino para os negócios começou cedo. "Quando tinha 11 anos minha mãe me deixou vender sonhos no mercado", orgulha-se. Foi uma iniciativa própria e que não veio de costume familiar, já que seus pais nunca tinham lidado com o ramo comercial ou empresarial.
Jorge afirma que conseguiu tudo na vida com oportunidade e trabalho. "Entendi que isto fez com que eu crescesse como pessoa. Esse processo de querer fazer mais pela sociedade nasceu dessa minha observação das injustiças do mundo em que eu vivia". Há 15 anos Jorge resolveu fazer um planejamento de sua vida e desde então tem cumprido suas metas. "Eu fiz um plano para minha vida, de 60 anos. Primeiro eu iria para organizações sociais, que foi o que fiz com a criação do projeto Pérola, depois eu pensei em mais 25 anos para a área da educação e por fim o restante ficaria para a parte de distribuição de renda", conta.
Em 2002, Jorge lançou um livro sobre planejamento pessoal, para que mais pessoas pudessem ter uma programação para seu futuro. "Toda essa minha trajetória e planejamento começaram quando fui fazer uma prática que era para a pessoa escrever um artigo sobre a própria vida. Foi aí que vi que minha vida tinha de ter coisas mais legais para merecer uma página de jornal. Fiz então um plano, quando tinha 30 anos, e agora estou percorrendo-o", ensina.
Notícia publicada na edição de
08/08/13 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 12 do caderno A - o
conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as
12h.
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